O diagnóstico de autismo

No início eu achei que a neurodiversidade tinha chegado na minha vida com o diagnóstico do Vinícius. Parecia que tudo seria diferente de qualquer coisa que eu já tivesse vivido antes de ser mãe e na maternidade. Comecei a buscar mais informações sobre o assunto só uns três meses depois de ter o laudo em mãos, não por negação nem pelo luto que a maioria das mães e pais vivenciam após o diagnóstico. Para mim foi mais uma etapa de uma caminhada que eu já fazia há meses. Precisávamos de um norte para direcionar as intervenções e ele veio com a explicação para a busca sensorial, a prescrição de terapia ocupacional, de mais sessões com a fonoaudióloga e a definição de que a escolinha dele tinha que participar do processo de adaptação e inclusão. Eu não quis sair estudando tudo o que pudesse sobre o assunto desde o primeiro momento porque estava cansada. Vinha de uma jornada de aprendizagem sobre alergia alimentar e não queria me debruçar sobre outro assunto de uma hora pra outra para poder apresentar as evidências. Defendê-las a cada questionamento feito com um fundo de desconfiança de que talvez eu fosse uma mãe exagerada. Eu negava aquela premissa errônea de que cada criança tem seu tempo, que antigamente não existia tanto mimimi e hoje está todo mundo aí, bem.

Não estamos todos bem. Vivemos um momento de negacionismo extremo, de revisionismo de fatos históricos e de abuso de fugas da realidade. De adultos que não sabem lidar com as emoções que têm, se recusam a buscar ajuda e puxam outras pessoas para o abismo em que se encontram. Não estamos bem. Observando o Vinícius no dia a dia eu relembro cenas da minha infância, identifico a diferença na reciprocidade socioemocional ao longo da vida, minha incapacidade de brincar que encontrou refúgio nos livros e me fez parecer madura antes do tempo, embora eu não fosse. Eu apenas fugia para o que me parecia confortável pois na minha cabeça e nos meus livros tudo sempre tinha final feliz. A vida é desafio. Ainda estou aprendendo a encará-los, mas pelos meus filhos sempre vale a pena. Nada era tão novo quanto julguei inicialmente mas a liberdade que o conhecimento traz é transformadora.

Que neste Dia Mundial do Autismo possamos celebrar a neurodiversidade e não romantizar as fugas. Que nós, que somos mães e pais de crianças neurodiversas, em todos os dias do ano tenhamos consciência do nosso papel de responsáveis por elas e do nosso privilégio de ter tanta informação acessível. Vamos usá-la com sabedoria.

Deixo aqui sugestões de perfis de autistas no Instagram. É crucial que ouçamos o que eles têm a dizer.

https://www.instagram.com/a_menina_neurodiversa/
https://www.instagram.com/booksonduty/
https://www.instagram.com/caradeautista/
https://www.instagram.com/haleymossart/
https://www.instagram.com/lucas_atipico/
https://www.instagram.com/mariajuliavarela/
https://www.instagram.com/rodtramonte/
https://www.instagram.com/tiofaso

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