Ativismo de sofá também vai à escola

Como os assuntos discutidos nas redes na internet influenciam a vida dos jovens conectados e pautam a defesa de direitos humanos e sociais.

Isadora da Costa Cardoso tem 16 anos de idade, cursa o segundo ano do ensino médio e costuma navegar na internet todos os dias. Ela tem preferência pelas mídias sociais Twitter e Facebook.
No último mês, o professor de Sociologia da escola em que Isadora estuda, pediu para que os alunos realizassem um trabalho que seria apresentado em sala de aula para os demais estudantes da classe. O tema seria escolhido pelos próprios alunos titulares da pesquisa. A estudante escolheu o tema Violência Contra a Mulher, após a leitura de uma reportagem divulgada no Twitter sobre uma indiana que foi violentada pelo próprio tio. Logo após a escolha do tema do trabalho, Isadora resolveu acrescentar outros tópicos para abordagem no estudo que seria realizado. O espaço para a apresentação à “plateia” também tornou-se mais abrangente.

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Tradução da frase na camiseta: “Meu corpo, minhas regras”

“Algumas semanas depois foi anunciada a Feira Cultural da minha escola (Escola de Educação Básica Leonor de Barros). Decidi, então, apresentar o trabalho na Feira Cultural, para todos os alunos que quisessem assistir. O assunto era importante demais para permanecer restrito à sala de aula”, justifica a adolescente.

A pesquisa, além de abordar as várias formas de violência contra a mulher, falaria também sobre os direitos conquistados durante o passar das décadas. E assim foi feito.

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Em seguida, o trabalho foi escolhido para a Feira Regional de Ciência e Tecnologia, no Centro Multiuso de São José, na qual foi abordado o recorte do protagonismo feminino e recebeu o título “A mulher na sociedade”, com a trajetória da cientista e feminista Bertha Lutz como pano de fundo.
A apresentação foi feita com cartazes com frases e ilustrações de efeito, e um banner com uma linha do tempo, mostrando o que mudou na forma como a mulher (cis¹ e trans²) é vista pelo mundo, passando por momentos históricos importantes como a conquista do direito ao voto e dos direitos trabalhistas femininos. “Nessa linha do tempo pudemos perceber as diferenças entre o feminismo atual e o da década de 60, por exemplo.”
Além de sites e blogs especializados no tema, o grupo Anarcofunk foi fonte de inspiração durante a pesquisa, já que ilustra os ataques cotidianos da sociedade à liberdade e a dignidade das mulheres.

 

Glossário:

cis¹: Cissexual ou cisgênero são termos utilizados para se referir às pessoas cujo gênero é o mesmo que o designado no seu nascimento.
Isto é, configura uma concordância entre a identidade de gênero e o sexo biológico de um indivíduo.
trans²: Transgeneridade refere-se à condição onde a expressão de gênero e/ou identidade de gênero de uma pessoa é diferente daquelas atribuídas ao gênero designado no nascimento. Mais recentemente o termo também tem sido utilizado para definir pessoas que estão constantemente em trânsito entre um gênero e outro. O prefixo trans significa “além de”, “através de”.
Transgênero é um conceito abrangente que engloba grupos diversificados de pessoas que têm em comum a não identificação com comportamentos e/ou papéis esperados do gênero biológico, determinado no seu nascimento.

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